A água corre
Desprendida das formas
E há sol
E árvores líquidas
Que correm
Em palavras, sonhos e seres
A cada gota
Labial
Que diz tudo sem embaraço
E as pedras
Na laringe da água
Árvore
Fruto
Gesto por ser
E mãos cegamente maduras Disfarçadas
Submissas
Inconscientes Velhas
Náufragas no verbo podre de madeira
A adolar o bolor da lúxuria da imagem
Rendido ao pó que unge toda a cabeça
E os pés no mar em toques de piano
A desviar toda a torrente
É a pedra
O próprio homem
Génio da sua sombra
Alma sem propósito
Servo da riqueza
E a água ? A agua não tropeça
A água… ai como dói esta água pura
A cheirar a alfazema
Num colo de carne
A água que vê tudo
A água que ouve tudo
A água que não disfarça Sem assombro
A água que sente rumo às estrelas
Que as próprias mãos não agarram
E chega bem alto porque se basta.
manuel feliciano
Gostei muito! Ao ler, fiz em minha cabeça a imagem do poema, da água, da árvore. E a comparação do homem com a pedra foi realmente lógica.
ResponderEliminarTamanha a sua sensibilidade, meus parabéns!
Abraço!
Ingridy