Sou do abismo da Luz
Não existo
Só sinto
Giesta no verde monte
Sem sono
E pomar a crescer
Com frutos ilegíveis
Fora das unhas pintadas
Do morro da inteligência
Na cabeça dos fósforos
Palavra desoxigenada
Sou de outras pedras
De outro tempo!
De um vazio cheio de amanhã
E um ontem por nascer
Não tenho nacionalidade
Não tenho pátria
Não sofro de Mouros conquistados
Nem de Caravelas quinhentistas
Nos pulmões da água
Sou a própria caravela
Sem mundo e história
Mar florido da giesta
A arder-me por todo
Enquanto o mundo quebra
Não sabe de si nem das ervas
Reluz em bocas tão cegas
E as ervas são a minha pátria
Porque as ervas nunca se cegam
Com as sementes e os pássaros
Os rios envoltos em estrelas
E o sol nas mãos de outros seres.
manuel feliciano
O lirismo contundente de sempre e versos sempre bem traçados e absolutamente isento de qualquer clichê. É isso que me atrai em seus escritos. Precisaria ser mais divulgado o seu trabalho.
ResponderEliminarMais um excelente poema.
Abraço!