Não mais morreremos
Porque o teu beijo fica para além
Dos barcos submersos Na voz do mar
Dos ouvidos
Deixados no silêncio das pedras
No fundo do abismo e das ilhas
Desencontradas
De estrelas apagadas no escuro
Das areias sem conchas
Da existência húmida dos ferros
Que a nossa boca
Fez flor
Planicie extensa
Palavra prolongada
Braço não palpável
Enquanto iamos ao fundo
De todos os frutos que não vimos
Numa visão longínqua
Vestida de uma manhã
Cheia de sementes e pássaros
Sedenta
Descobrimos o milagre
Fora da armadura do corpo
Amadurecemos sem sol
Colhemos só de querer O firmamento da rosa
Sem margens
Nas faces E fomos
Por entre línguas trémulas que não mais acabam.
manuel feliciano
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