Quero a boca esmagada de ternura
E um sol de pedra que me mate a sede
Para que siga por esta carne fraca
E em silêncio escute a voz das silvas
Com os meus ombros de lata tumefactos
Porque eu quero o amor num tronco seco
E um céu de árvores com aves e estrelas
E entrar na casa húmida e transparente
Com pilares espetados dentro da massa de ar
Como se esteja agarrada aos músculos
E o chão já nem sequer valha nada […]
quero tudo isto
como as raízes das nuvens
Em hélices de aeronaves
Fogo e água
Riso e choro
Morte ilusão
E a vida palavra sem porto
Rolando às cambalhotas
Sem os olhos presos a amargos vimeiros
E à escuridão que cega
Me rasgue todos os meus olhos
Como a chuva que transborda a moldura da boca
E desagua nas pedras mesmo sem rio e leito.
manuel feliciano
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