5.01.2011

Massa de ar

Quero a boca esmagada de ternura

E um sol de pedra que me mate a sede

Para que siga por esta carne fraca

E em silêncio escute a voz das silvas

Com os meus ombros de lata tumefactos

Porque eu quero o amor num tronco seco

E um céu de árvores com aves e estrelas

E entrar na casa húmida e transparente

Com pilares espetados dentro da massa de ar

Como se esteja agarrada aos músculos



E o chão já nem sequer valha nada […]

quero tudo isto

como as raízes das nuvens

Em hélices de aeronaves

Fogo e água

Riso e choro

Morte ilusão

E a vida palavra sem porto

Rolando às cambalhotas



Sem os olhos presos a amargos vimeiros

E à escuridão que cega

Me rasgue todos os meus olhos

Como a chuva que transborda a moldura da boca

E desagua nas pedras mesmo sem rio e leito.







manuel feliciano

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