São de água os barcos submersos na cidade
A idiotice passeia-se em farois brancos
Que os mosquitos engolem sem misericórdia
E há tudo para sofregar numa manhã verde
Árvores dos pensamentos à tona das ruas
Enrolados num cigarro que poucos vêem
E a infância lateja nas folhas secas
E os olhos transbordam para outra face
Onde o sol não morre feito um cadáver
Disseram-me que havia
Uma mulher na praça
E que vendia
Costas nuas
Casas de fumo
Raios de felicidade
Noites sudorentas no cio dos corpos
O orgulho a desfalecer no leite
A raiva amolecer nas aves
E um suspiro quase a ser céu
O filtro do crépusculo em interditas pedras
Para não ser mais
Por detrás do sol
A terra em movimento inverso
Os lábios brancos
A inutilidade do espaço
Os rios varonis com todo o aço
O desmanchar do lume
Que nos traz à tona.
E eu comprei
Móveis que se dobram na boca
E se penteiam na lua
E não se confinam aos limites
E riem-se vergados de frutos
E nos despertam do sono
E nos enchem de outras ruas
No cérebro de outras lâmpadas
Um velho a perdurar no limbo
Um ninho sem um triz nos lábios
Fintei a firmeza da terra
O húmus no transcurso dos teus dedos
Onde escorrem as almas todas
E a dor é quando
O teu beijo é estrela amor
Face que dispensa toda a sombra
Quando me volto para ti.
manuel feliciano
Bravo, poeta!
ResponderEliminarSofregamente lido...
Abraço!