Aí vem ela das sombras
Das cinzas
Dos lábios em terra seca
Invernos que mataram
Cheios de séculos
Destinos e labirintos
E a carne toda em brasa
Na cinturinha das flores[…]
Quero-te prender
Para que não saias do limite
Saindo fora de todos os limites
E te saborear
Saborear com gostinho
A a doçura do teu pólen
Na crosta
Inflamda da flor
A tremer
Depois da boca do gelo
Ter queimado toda a erva
Ter exclamdo toda a morte
Tu Sofres-me
Como raízes no cérebro
Como algo que só entendo
E por isso eu corro[…]
Como uma lâmpada do nada
Acesa com todo o seu escuro
Cheinha da tua voz[…]
Para te ter
E te deter
E escrever
E lamber
Os teus ombros
E abismos
E cabelos que não findam
E os cantos que a tua face
Esconde
E caminhos que desconheço
Como quem os conhece a todos
Mas tu[…]
Como és desejável tu
Com as tuas mãos fresquinhas
Sofregas para me nascer[…]
Porque és do abstracto das coisas
Só me deixas o perfume
E uma música a parir
O teu corpo a consumir-me.
manuel feliciano
Sem comentários:
Enviar um comentário