5.20.2011

Antagonismo

Esqueci-me de tudo

Como quem trás o mundo em bocados

Com pétalas de aurora

Escuridão em lume

E as tuas mãos arderem-me nas rosas

Do húmus a ser têmporas

O mar na chuva a escorrer-me pelas pálpebras

E eu

Neste vertical branco de juncos

És-me da cabeça

Do tronco

E dos membros

Na física das nuvens

Húmidas de olhares que se trocam

Nos teus cabelos a retorcer-me de brisa

No labirinto do teu pensamento

No teu abraço a crucificar-me

Lembro-me de tudo

Estás cheia de sede

Com um vestido azul a cegar-me os olhos

Mas não te moves

Porque te moves

E aqueces e esfrias comigo

O sol

E eu quero refrescar-te na memória da água

E tu abres a boca

Punhado de luz nas asas que me levam

A um corpo celeste

Fendido de esquecimento´

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh não venhas!

tu vieste sempre àquele

Banco que não precisa de chão

Nem de corpo todo presente

Algures presente

Para quê presente?

Esqueci-me de tudo

Como quem te trás por dentro

O meu esquecimento é uma lembrança ausente

Comestivel como os figos

Do verbo iluminado dentro da tua boca

Que chama por mim Memória salgada com gaivotas

E eu procuro-te nas algas

E no que não há a oriente das faces Tudo com a força

De mosaicos arrancados Inseparáveis

E o sol tão branco é tudo por cantar



Por entre os meus lábios que te trazem!



manuel feliciano

1 comentário:

  1. Fantástico!

    Um dos seus melhores, sem dúvida, considero.

    Sou seu admirador, irmão...

    Um abraço

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