Esqueci-me de tudo
Como quem trás o mundo em bocados
Com pétalas de aurora
Escuridão em lume
E as tuas mãos arderem-me nas rosas
Do húmus a ser têmporas
O mar na chuva a escorrer-me pelas pálpebras
E eu
Neste vertical branco de juncos
És-me da cabeça
Do tronco
E dos membros
Na física das nuvens
Húmidas de olhares que se trocam
Nos teus cabelos a retorcer-me de brisa
No labirinto do teu pensamento
No teu abraço a crucificar-me
Lembro-me de tudo
Estás cheia de sede
Com um vestido azul a cegar-me os olhos
Mas não te moves
Porque te moves
E aqueces e esfrias comigo
O sol
E eu quero refrescar-te na memória da água
E tu abres a boca
Punhado de luz nas asas que me levam
A um corpo celeste
Fendido de esquecimento´
Ahhhhhhhhhhhhhhhhh não venhas!
tu vieste sempre àquele
Banco que não precisa de chão
Nem de corpo todo presente
Algures presente
Para quê presente?
Esqueci-me de tudo
Como quem te trás por dentro
O meu esquecimento é uma lembrança ausente
Comestivel como os figos
Do verbo iluminado dentro da tua boca
Que chama por mim Memória salgada com gaivotas
E eu procuro-te nas algas
E no que não há a oriente das faces Tudo com a força
De mosaicos arrancados Inseparáveis
E o sol tão branco é tudo por cantar
Por entre os meus lábios que te trazem!
manuel feliciano
Fantástico!
ResponderEliminarUm dos seus melhores, sem dúvida, considero.
Sou seu admirador, irmão...
Um abraço