Eu e o meu pensamento
Somos duas pessoas
Embrionárias de sol
De mãos dadas rua abaixo
E o acto de pensar
É uma faina de gente
E o meu coração
É uma mulher donzela
Lançando-me olhares
Em cada esquina da vida
Na promessa de peixes
Aturdidos num beijo
Perdoem-me todos aqueles
Que são escravos da carne
Os que não se encontram
Na cápsula de si mesmos
Como as coisas ganham
Um trago amargo se as toco
Só os braços ao longe me consolam
Eu que não sei nada da chuva
Depois que a terra com amor a sulca
Quanto menos tenho mais sinto as coisas
Como me assassinas com a saliva nos lábios
Para mim basta-me a ideia de um beijo
Porque a ideia de um beijo é um rio de coisas
E um beijo quando dado é a morte de tudo
Só o impossível me arde e me afaga
E é o único Deus que me transforma o mundo.
Manuel Feliciano
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