Não sabes o quanto me custa esta verdade
Mas metade de ti eu já tenho
Os meus olhos andam loucos
Como duas fontes cheias de sede
Se a tua face não vêem
Com a mesma verdade que o trigo
Incendeia a terra
Assim a minha boca to quer escrever
Sem ti tenho o desprazer de ver nas árvores
Uma mera chuva destrutiva
E nos jardins sombras de sonhos
E eu sei que os meus cabelos estão vergados de amor
E como tu aqueces a paisagem
E estrangulas o tempo
E desenhas andorinhas na minha boca
Guarda o meu olhar puro e pobre
E as noites serão perfeitas
Mesmo com a morte
Mas não me dês nada
Diz-me só com os olhos cegos que me amas
E deixa que as minhas pálpebras
Desinchem no teu umbigo
A tumefação das caravelas no mar
Sem gestos que quebrem a tua aura
Também não te canses com as palvras
Deixa só o teu perfume cantar canções
Porque eu tenho medo se não me olhares
De provavelmente nunca ter nascido.
manuel feliciano
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