4.20.2011

Medo de existir

Há um medo ao longe dentro de mim

Que nasce fora de tudo

Como eu seja o longe e todas a coisas me gritem

Digam-me quem eu sou

Que eu estou cego de tudo

Num clarão das madrugadas

Quebrem todo o meu medo

Numa boca quente

Terna de misericordia

Como se uma sílaba me falte nos cabelos

E as reticências não cessem as fontes

Onde eu danço despido

Tão despido que só posso ser

Eu

Tu

Nós

Flor e sombra

Floresta e sol no moínho das tábuas

E o silêncio da eternidade

A refazer outra voz

Porque eu não sei de mim nem da coisas

Como as conheça

Como as sinta a palpitar

Numa voz que me arde no peito

Que eu sinto no crepúsculo da língua

E me esconde de um qualquer lugar

Que me abraça e descontroi

Tenho medo

Como a minha mãe comigo ao colo

Não seja mar

Lágrimas e sorrisos embrulhados nos dedos

Mel nas flores e nas abelhas

E o coração Estrelas com gotas de amor

Como se tudo isto não baste

E a maravilha não me arda na garganta

Como eu esteja em tudo e pense que é só deserto

Este braços grandes da matéria dos lagos

Tenho medo

Como se o cheiro te esconda por detrás

E te diga não com a boca enrolada em névoas

E um corpo nasça do nada

com o sol a querer espreitar.









manuel feliciano

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