Os teus olhos
Leio-os, até ao fim desse livro virgem
Desse mar do qual sou estranho
E dói-me o ruido dos pés
De feiticieiras ancestrais no absurdo dos muros que se prolongam
E o mole do beijo é tão duro.
O que sou? Pergunta-me uma noite de aço
Uma galinha sem crenças na lama.
A voz que sobeja por fora Sou tudo sem razão e ossos
E não consigo transbordar as margens. E o lábios não calculam o íntimo
E a memória rasteja a meio da ponte
Puta que pariu a máteria
Gritou-me uma voz de um tempo longo
E vejo o eco da minha sombra
Nos corredores evanescentes da boca.
Nas massa muscular do corpo
E os galhos de árvores voando nas aves
Sou muito mais que esta terra velha e seca. Que a surdez dos operários
Que a imagem obsuleta e escura
Num vestidinho cor de rosa
Eu vejo como a água corre
No cantar dos frutos
Os olhos são um lugar que nada veem
Tenho as mãos tão sofregas por nada saber dos olhos
Senão dos raios que lhes engolo
Mas os olhos são um lugar de assombro
São quando te beijo
Um livro fora de todas as leis do tempo
Nas malhas da pele.
E eis que ela me esmaga com as coxas
Como se uma mão me arda mais além
E me mostre o incógnito voo. O que me dá a percepção de alguma vez os ter visto.
manuel feliciano
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