4.11.2011

Imensidão

É de uma luxúria imensa este medo que não assombra
E a vida há-de ser sempre um lugar muito mais além

Não houve mar porque toquei os teus cabelos no fundo
E quando devia ter tocado o sal só vi o sol

As casas vazias
As casas vazias e magras
Cheias de perfume intenso
Do cheiro contínuo da púbis
Do parto prolongado
Da floresta densa cheia de sons
Do ombigo florescendo nos ouvidos
Da flauta ecoando nos punhos secos
A morte é tão verdadeira como eu estar vivo.

Eu sei que estas latas velhas não são tudo.
Nem o mal nem o bem em que giramos
E a vida é um corpo irrespirável
A luz tem uma voz doce e pulmonar
A vida é tão somente quando acordamos
E temos a ideia de que alguém nos abre os braços
Da cor da primavera e da eternidade
E a primavera é o dia em que nascemos de um sono profundo
E a primavera há ser sempre o dia em que vergamos
Outro tempo em que nos imaginamos perfeitos
Em lugares que dispesam a esperança
Para além de pontes falsas e cheias de abismo

Em que eu e tu não acreditamos.
Da mesma forma que não acreditamos ter nascido.
Não vale a pena nenhum choro. Porque até o choro é de uma diemensão divina
De um poesia perfeita, que nos escuta.
E quantas vezes eu choro, porque o meu coração
Me escuta, e eu penso que estou só, mas no limite da curva, prolongo-me
eu tenho a consciência, que os meus fios de cabelos, desmentem todas as descrenças, e agradeço a Deus por ter nascido.



manuel feliciano

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