A menina da pastelaria
Que me vendia pasteis
Na seda fresca das manhãs
Perguntava-me a sorrir
Se eu queria o pastel de sempre
E as suas mãos
Eram uma prisão
E os seus olhos
Candelabros por acender
E o seu corpo
A raíz quadrada da flor
Mas no mar
Que lhe trasbordava da boca
Eu e ela
Molhamos as mãos e os pés
Saltamos as pedras
E desatamos lágrimas
Dissemos não
Às árvores de aço
E choramos mel
Nos olhos sôfregos de amor
E eu nunca soube
Quem era a menina
Da pastelaria
Nem tão pouco a vi
No jardim da vida
Senão na farinha
Húmida do meu ser.
manuel feliciano
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