O mar prolonga-se nos cabelos das árvores
E as árvores sulcam a frescura do mar
Os dias não se bebem no latejar dos astros
SER é o único tempo
Enlaçado a todo o recomeço
como se os olhos magoem toda a verdade
Inocente
Pequena
Abismal
Enquanto que gotejamos na garganta das flores
Pensamos que não sabemos das flores, árvores e astros
Mas tudo isto nos arde
E nasce, sente, e envelhece connosco
E sentir é a visão do mundo
As únicas mãos pálpaveis
E a morte enlouquece-me com tanta vida
De meninas
Na sombra verde das árvores Como a brisa me encarne
Nas asas húmidas de frutos
Porque eu me dou todo por inteiro
Até que o grito infinito do amor
me colha nas pálpebras do berço
Onde até os Deuses choram
Com a mesma boca que me oferecem
Uma criança constante!
manuel feliciano
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