É agora é que eu preciso de uma rua na minha garganta
E que tu ma possas pisar até doer...
Que a sola húmida dos sapatos
Que usas cor de rosa
Igual às rosas que gemem sempre em todas as primaveras
Sejam veados livres pastando na minha pele
Cheia de erva e pasto
E a tua respiração
A estrada repleta da carne do chão
Onde eu ouço as bocas que afinal
Não morreram
Acredita comigo
Que a minha garganta é a mesma das pedras da tua rua
Que as luzes todas que escutas é o mar
E o mar é a tua voz
E a tua voz sou eu contigo
O sol e a noite
A noite e o sol
Todos os dias na poeira dos ósculos que os rios engolem
Pela minha garganta até ao estômago
Sedento de peixes
Enleados aos teus ouvidos
Que é o nosso céu e as nuvens
Mortas por chover
Como couves mirradas por água
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
Não fiques à espera de nada
Espera como quem corre para os meus braços
Rebentado ainda mesmo no Inverno das árvores
Nos desertos onde os barcos não crêem
Mas eu creio em ti meu amor
Como é que eu te posso dizer que creio em ti sem joio
Que as minhas pernas tolhidas
Estão cheias de um oceano mais alto que céu
E as minhas lágrimas estão cheias da tua cara
E que a tua alma agoniada
É um veleiro que me pesa e arde no cérebro
O sangue alimentando as estrelas
Mas pisas-me, pisa-me
Sempre que fores à missa ao Domingo
Não te esqueças que eu sou uma parte do domingo
E que os dias não teriam o mesmo sentido se não fossem pisados.
manuel feliciano
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