4.13.2011

Ausência em corpo

E quando não te tenho também te tenho

E a tua ausência escorre-me em fetos nos olhos

E não te ter é ter-te duas vezes

E quando não te tenho é amor

Porque as coisas existem dentro e fora

Porque as coisas existem mesmo sem boca

E a brisa tem a propulsão do teu corpo

E o mar o eco do teu olhar

E as minhas mãos são duas árvores cheias de ti

E as minhas lágrimas são palavras que te chamam

E o teu silêncio tem a forma dos teus lábios

Até as águas sentem

Até as aves cantam

Que quando não te tenho também te tenho

Como a chuva a rasgar as pedras

Como o rio ao encontrar o mar.





Manuel feliciano

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