E quando não te tenho também te tenho
E a tua ausência escorre-me em fetos nos olhos
E não te ter é ter-te duas vezes
E quando não te tenho é amor
Porque as coisas existem dentro e fora
Porque as coisas existem mesmo sem boca
E a brisa tem a propulsão do teu corpo
E o mar o eco do teu olhar
E as minhas mãos são duas árvores cheias de ti
E as minhas lágrimas são palavras que te chamam
E o teu silêncio tem a forma dos teus lábios
Até as águas sentem
Até as aves cantam
Que quando não te tenho também te tenho
Como a chuva a rasgar as pedras
Como o rio ao encontrar o mar.
Manuel feliciano
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