A liberdade sabe-me a uma mulher cheia de frutos
E quando os toco
os saltos
abundam-me por inteiro na garganta.
E o tronco a desaparecer nos olhos é o sol
E o vestido a elevar-se em estrelas é uma brisa
E a unhas cravadas na carne é o céu
E os morangos esmagados entre os dentes
É um avião pousado na água
E a flor a abrir-se é um grito de ferro
Na popa azul de um navio
A culpa é do mundo
Pediram-me para ser livre lavrando os meus próprio ombros
Desenhando a vênus de cristal com o meu suor
Esculpindo desejos nas pálpebras douradas
Pediram-me para ser libre
Fazendo de conta que ela existe
E o meu corpo é toda uma gaiola aberta
E o meu pensamento é uma dançarina nas nuvens
E a liberdade é só para aqueles que brincam
Ainda com as mãos tenras de pétalas
Em asas desencontradas
E vão sempre em frente como quem se refugia no útero
Iguais a si mesmos
Contra palavras
E vozes
E gestos endurecidos na terra
E pensamentos atados aos cornos de um bói
Mordendo em arados.
Que em nada acendem este luar de Inverno!
manuel feliciano
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