9.21.2010

Contrariedades

O meu corpo foi à deriva
No azul faiscar das águas
Fundeado em macieiras
No porto azul de Roterdão.

Meridiano de Greenwich
Sem qualquer orientação
Num quadro de um pintor
Pintado a mel de abelhas.

E o meu coração por dentro
No fogo dos teus cabelos
Qual chilrear de cascatas
Suspira no teu degredo
Flor no pólen de uma faca.

Sangrando mesmo sem sangue
Na canoa solar de um beijo
Que demos mesmo sem lábios
Teus pés torrentes de chuva
Foram sol nas minhas costas.

E também um mar de trigo
Abraços de branca farinha
A tua voz suave do Árticto.
Um farol por entre as sombras
Atraquei-me ao teu sorriso
Liberto como um condenado.


manuel feliciano

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