9.11.2010

Em Camaná

Só quem conhece as praias de Camaná
Na costas do Pacífico por detrás de mim
A âncora do meu ser no mar profundo
No mosto das uvas maduras do Douro
Minha alma galga nas água desobediente
O meu coração lateja como bailarina
Quando eu navego pela parra gritando
Até me entregar ao mar azul do Porto
Em sangue e fogo verde agarrado ao céu
Rasgo a tela e a tinta dos pintores
Que prenderam os desejos de dois amantes
Quero descongelar o Sol que tarda
Quero parir as emoções onde não arda
Os teus lábios com dor à espera dos meus
Dobrar o cabo do homem em metamorfose
Morder a carne aos caracteres de káfka
Ser chuva mansa em pássaros a teus pés
Vou abraçá-los no açucarado das vagas
Vou afogar-me em ti para nascer de novo
Só quem conhece as praias de Camaná
Sabe que eu vou rasgar a placenta no breu
E ser-te amor e sangue numa estrela na voz.



manuel feliciano

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