9.28.2010

De mãos dadas com os sexos

Os pensamentos injectam no corpo olhares macios
De uvas não visíveis de dia que se colhem na nuvens
No frio quente do mármore reflui o sangue que faísca
Na cratera do chão as folhas mexem-se avermelhadas
Um nó de gelo desprende-se da garganta num ice-berg
O cheiro à incerteza faz-me ir aos limites impensáveis
E ateia o pénis, os dedos e a cona de mão dadas na rua
Ingenuamente como irmãos que vivem num só corpo
Atormentam-se com ternura em palpitares que cortam
Solares de chuva. Dança-nos uma bailarina sem olhos
Nos músculos cansados. A lava e as cinzas submergem
Na cicatriz do mar, levam-nos ao conforto da trovoada
No inverno, oferecendo-nos pomares arrepiados de sabores
Em carne viva, e as narinas tremem de cio em pleno verão.




manuel feliciano

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