Os pensamentos injectam no corpo olhares macios
De uvas não visíveis de dia que se colhem na nuvens
No frio quente do mármore reflui o sangue que faísca
Na cratera do chão as folhas mexem-se avermelhadas
Um nó de gelo desprende-se da garganta num ice-berg
O cheiro à incerteza faz-me ir aos limites impensáveis
E ateia o pénis, os dedos e a cona de mão dadas na rua
Ingenuamente como irmãos que vivem num só corpo
Atormentam-se com ternura em palpitares que cortam
Solares de chuva. Dança-nos uma bailarina sem olhos
Nos músculos cansados. A lava e as cinzas submergem
Na cicatriz do mar, levam-nos ao conforto da trovoada
No inverno, oferecendo-nos pomares arrepiados de sabores
Em carne viva, e as narinas tremem de cio em pleno verão.
manuel feliciano
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