9.18.2010

A minha vida

A minha vida

A minha vida
É um filho da puta
De um cadáver vivo
Latejando
Numa fonte seca
Cheio de água viva
Com santinhos de barro.

Com sete caminhos
Com sete promessas
Com setes destinos
Com sete dias da semana.

Abraços sem braços
Beijos sem bocas
Estradas sem setas
Amores sangrando
A 365 dias por hora
Caminhadas sem pernas.

Cheio de brumas
Tão pútridas as brumas
Que deixam ver tudo
Como os faróis de um carro.

Glória aos piratas
Glória aos ladrões
Glória aos proxenetas
Heróis sobreviventes.

Foda-se os cânceres
Foda-se a fome
As injecções letais
As falsas promessas
Os cornos do diabo
Que criou esta merda
Onde jorra tudo
Onde se vive tudo
Onde se ama tudo
Onde se perde tudo.

Vazios ou cheios
Os bolsos das calças
Nunca se tem nada
Nem uma mão no vazio
Para silenciar o tédio.

Foda-se os hospitas
Os lares de idosos
Os cometas sem rastos
Os prados sem erva
As guerras despropositadas.

Glória ao Sadomasoquismo
Às agulhas nos mamilos
Às mordaças na boca
Aos pingos de cera
Na cabeça da piça
Aos ratos da inteligência
O mundo que eu não escolhi
E a que fui obrigado.

E que ao menos eu tenha
Um Deus de vento
No final de tudo
Para me perdoar
Também os pecados
Que não inventei[...]
Tive o azar de nascer
Com carne e sexo.

manuel feliciano

2 comentários: