9.11.2010

Rio Paraná

Mayara Brota cheiro a Brasil
Néctar da poeira do cosmos
Araucária do Paraná
Figura de mulher árabe
Olhos que voam e não se desprendem
Quis ser seu pirata sem barco
Em seus olhos mundo além
Refulgem estrelas transcendentes.


Água de fogo corre-lhe no colo
Dança do ventre nas ancas do rio
Que me desagua no cavalo sem freio
No mar salgado dos lábios rosados
Muito mais que o ouro roubado
Sou só a cinza desses teus beijos
Nas rosas - mamilos rola pousada.

É a Mayara. É a Mayara
Planícies, planaltos, serra e mar
Percorrendo-me todos os sentidos
Saliva quente a refrescar
Sinto-me raiz do teu milho
E a cana-de-açúcar em crescença
Na ponta da língua a verdejar
O sol esconde-se-te por detrás das costas
Melancia fresca no sabor das nádegas.

Sou névoa quente perdido
Na taça da tua Saliva
Entornada pelo meu corpo
Por esta velha Europa
Sou tua sombra ainda tão viva
Que me se há-de dar-te em laranjas
Em gomos trincados nos dentes
És-me arara quente de mel
Em árvore despida e folhas molhadas
murmurando num gozo de chuva
Até que teu grito azul me vença
E eu me venha numa flor de esperma
Por entre a foz do rio Paraná.


Poeta Manuel Feliciano


Dedicado à minha amiga Mayara Shelson

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