4.16.2011

Mãe

Quando quieseres dizer que me amas: diz mãe

E o coração saber-te-á por inteiro





Não me abraces: diz amor amor em gestação

Depois acarícia o feto e alegra-te

Como uma flor transformada

Com a voz dentro de outra voz.





Não me beijes: Sente a tua barriga em lume

A iluminar-te sem peso

Com o teu corpo vergado

E um pouco mais de ti a estender-se

E o teu eu em outro eu.



E se por ventura chorares

É porque às vezes o choro é uma forma de sorrir profunda

E o amor é um filho dentro da boca

E o ombigo é o rio que nos enlaça



Quando quiseres dizer que me amas: diz mãe

Mas não te esqueças com o mar nos lábios

Porque o amor dói como o sol em carne

O amor é morrer para ser outro.





manuel feliciano

1 comentário:

  1. Maravilhoso, Feliciano! Sou mãe e sou filha tambem ... Comoveu-me e retratei-me nas suas palavras!

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