4.12.2011

A sombra do sol

Trago na minha alma

Uma mulher tão magra e húmida

Que me crava enlouquecida os dentes de desejo.

E o meu gemido incendeia o escuro

É a minha dor é um cacho de uvas

E o meu silêncio é carnal e táctil

E eu beijo como quem desenha sem tinta

A estrada que só conhece a pele

Não nos nega nada e a terra é fértil.
Porque os lugares sou eu só que os faço

Porque a ausência é um corpo de astros

E um cheiro que sobeja estrelas.

E como nós dançamos em forma de barcos

E peixes zonzos vagueiam pelo sangue

E os meus olhos doem-me como úlceras

Eu trago-te toda em mim despida

E não ter nada é um orgasmo nas tuas coxas

E não ter nada é um sorriso de boca aberta

E não ter nada é o coração no mundo

E a pobreza em nós é toda chama

E o nosso estômago é um luar cheio de céu.







manuel feliciano

3 comentários:

  1. Sempre que se acende uma luz, nasce uma sombra!

    Bonito poema!

    Abraço dos Alpes

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  2. Poema perfeito Feliciano. "...E eu beijo como quem desenha sem tinta..." Um beijo de cores no teu rosto.

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